terça-feira, 29 de novembro de 2016

PRESÉPIOS NA PARÓQUIA DE ABELA
A Comunidade Paroquial de Abela e o Grupo de Catequese vão organizar pelo terceiro ano consecutivo a Exposição de Presépios pelas ruas da Abela (Santiago do Cacém). As duas edições anteriores foram um êxito: envolveram quase todas as famílias, centraram a vivência do Natal no Nascimento do Salvador, deram azo à criatividade e à arte e trouxeram à Abela muita gente de longe e de perto, para visitar a Exposição.
A iniciativa “A’ Bella, uma família - um presépio” será inaugurada no domingo, dia 4 de Dezembro pelas 15 horas com a celebração da Eucaristia, a visualização de um presépio ao vivo e venda de artesanato religioso e bolos.
Jú Gamito, Evinha e Maria Teresa são 3 das catequistas que têm assumido a liderança desta iniciativa. Falamos com elas sobre o evento, a sua dinamização e os “ganhos” que surgiram com este desafio.

1 – “Uma Família – Um Presépio”, nasceu há 3 anos. Como nasceu a ideia?
Catequistas - A ideia surgiu de um jovem adolescente da catequese, que propôs ao restante grupo realizarem um projecto que dinamizasse a terra e mostrasse a dinâmica do grupo. E assim nasceram os presépios de rua.
2 – Sabe-se que é uma iniciativa da Catequese Paroquial. Como passou a mensagem das crianças às famílias?
Catequistas – As crianças contaram aos pais que desde logo acolheram muito bem a ideia. A iniciativa mobilizou toda a aldeia que pôs mãos-à-obra e deram largas à sua imaginação utilizando os mais diversos materiais.
3 – Esta iniciativa é abrangente, pois mobiliza todas as famílias. Quantas famílias aderiram ao projecto (2014 e 2015).
Catequistas – Em 2014 foram 56 presépios, Em 2015 foram 93 presépios.
4 – Materiais diversos emprestam beleza e diversidade ao projecto. Em média, quantos dias e quantas pessoas estão envolvidas na preparação dos presépios?
Catequistas – Toda a aldeia está envolvida no projecto, em grupo ou individual. Não sabemos ao certo os dias, uns começam mais cedo, outros só em cima da hora. Tudo tem a ver com a disponibilidade e os materiais utilizados.
5 – A exposição começa no início do Advento e prolonga-se até à Epifania. Neste mês natalício, há muita gente que vem à Abela visitar a exposição dos presépios?
Catequistas – Sim, entre o dia 4 de Dezembro e o dia 6 de Janeiro, muitas pessoas irão passar por Abela, se for igual aos anos anteriores…Não conseguimos contabilizar o número de pessoas visto não termos um programa com horários, mas durante este período há movimentos diferentes do habitual, tanto de dia como de noite.
6 – Qual o balanço dos 2 últimos anos? Com esta iniciativa, será que a mensagem do Deus Menino chega a todos os que promovem, apoiam, preparam e visitam a Exposição “Uma Família – Um Presépio”.
Catequistas – O balanço é positivo, pois houve mais presépios e visitantes. Pensamos que com esta ideia conseguimos mostrar que “Natal” é o nascimento de Jesus e não o pai natal e os presentes.
7 – Que Mensagem ou Desafio querem lançar para quem visita, por estes dias a Abela?
Catequistas - Desafiamos todos os leitores a visitarem esta pequena localidade, que com união e amor mostram o verdadeiro sentido do Natal “JESUS”. Desejamos que neste Natal a luz do Menino Jesus ilumine os seus caminhos. Sempre é Natal onde nasce e renasce a PAZ, a ESPERANÇA e o AMOR. FELIZ NATAL!...

P. Agostinho Sousa, CM

sexta-feira, 25 de novembro de 2016



Espaço, tempo, eternidade.

1 - Com o tempo do Advento, iniciamos um novo Ano Litúrgico. Como é sabido, advento significa vinda. Esperamos a vinda do Senhor que veio, que virá …e que vem! As quatro semanas do Advento servem também para nos prepararmos para a celebração do Natal do Senhor mas visam sobretudo relançar e sustentar a nossa esperança na sua segunda vinda acolhendo-O agora, no tempo da nossa vida terrena.




De facto, o mesmo Filho de Deus que, incarnando no seio da Virgem Maria assumiu a natureza humana para nos resgatar do poder da morte morrendo na cruz por nosso amor e ressuscitando, há-de vir no fim dos tempos para nos ressuscitar e para julgar os vivos e os mortos, e o seu reino não terá fim. Mas o tempo em que podemos recebê-l’O é hoje. É hoje que Ele quer habitar pela fé em nossos corações. Como o próprio Jesus nos lembra no evangelho deste domingo, precisamos de estar despertos e vigilantes, e muito atentos aos sinais que anunciam a sua vinda. A certeza da sua vinda é o motivo maior de alegria e de esperança para nós que O amamos e desejamos estar com Ele.

- Perpassa nas leituras deste domingo um entusiasmo festivo que nos convida a despertar do sono, a levantar-nos, a estar despertos e vigilantes, a andar dignamente, a caminhar à luz do Senhor, a subir ao monte do Senhor, a ir com alegria para a casa do Senhor. Cristo Jesus vem ao nosso encontro! Vamos esperá-lo! Vamos nós também ao seu encontro! Mas onde e como O encontraremos realmente?


A segunda leitura começa com estas palavras de S. Paulo: vós sabeis em que tempo estamos. Será que sabemos? Que tempo é o nosso? Que é o tempo? Como escreveu Santo Agostinho, se ninguém me pergunta, sei o que é o tempo. Mas se quiser responder a quem me pergunta, não sei (Conf. XI 14,17). Mil e quinhentos anos passados, continua a ser verdade esta sua afirmação. Não sabemos o que é o tempo e damo-nos mal com o tempo.

A nossa é a civilização do espaço, dos lugares e das coisas, a civilização da matéria. Somos especialistas em dominar o espaço pela ciência, pela velocidade, pela informação. Dominar o espaço inspira-nos segurança. No espaço, cada um de nós vê-se a si mesmo como o centro da paisagem. Mas a dimensão do tempo escapa-nos, assusta-nos e deixa-nos inseguros porque aí não somos o centro; aí vemo-nos como que levados por um rio de que desconhecemos a nascente e a foz e cuja corrente não podemos estancar. Há muita gente que não suporta o tic-tac do relógio. O passar das horas e dos dias lembra-nos que a morte se aproxima. E se a morte é apenas o fim em que tudo acaba e o nosso regresso ao pó de que fomos tirados, quem pode enfrentá-la com serenidade?

Como posso viver lucidamente o escoar do tempo da minha vida sabendo que a minha pessoa, tudo o que sou, vai ser destruído e reduzido a nada? Por isso se inventam passatempos e divertimentos para nos alhearmos da dimensão do tempo e esquecermos a nossa condição efémera. E tiramos a conclusão:comamos e bebamos, que amanhã morreremos! E assim, adormecidos ou anestesiados, não damos pela maravilha que é o tesouro da nossa existência e desbaratamo-lo vivendo sem sabedoria, como irracionais, entretidos a comer e a beber, a trabalhar e a dormir, a sofrer e a gozar sem darmos por nada! A nossa vida é uma série imensa de prodígios, um mistério sublime de amor que tantas vezes nos passa ao lado, e não damos por nada!

- Chegou a hora de nos levantarmos do sono! Morrendo na cruz por nosso amor e ressuscitando, Jesus Nosso Senhor destruiu a morte e fez brilhar a vida e a imortalidade. Quem n’Ele acredita e recebe o seu Espírito, torna-se participante da sua vitória e toda a sua vida fica iluminada por uma nova luz. De acordo com a promessa do Senhor, sabemos que, ao morrer, nos encontraremos com Ele. Que alegria e que felicidade vermos face a face o rosto glorioso d’Aquele que nos ama! E que maravilha vivermos, desde agora, libertos da angústia e do medo da morte!

Toca-nos viver os últimos tempos inaugurados pela morte e ressurreição de Jesus, o tempo da paciência de Deus, o tempo de fazer chegar o anúncio do evangelho a toda a criatura, o tempo de nos convertermos, de nos voltarmos para o Senhor, de caminharmos à luz do Senhor na fé, na esperança e na caridade.

Criados por Ele e para Ele, vivemos à luz do primeiro dia. Redimidos por Ele, iluminados pelo seu triunfo sobre a morte e participantes da nova criação, vivemos também à luz do oitavo dia, à luz da vida eterna. A luz da criação situa-nos no espaço deste mundo; a luz do oitavo dia ilumina, a partir do fim, o tempo que nos é dado viver aqui na terra. Cristo é a luz do primeiro e a do oitavo dia, a luz deste mundo e a luz do mundo que há-de vir. Por isso, só Ele pode dizer com toda a verdade: Eu sou a luz do mundo. Quem Me segue, não anda nas trevas (Jo. 8,12).

4 - Seguir Jesus Cristo é passar do espaço ao tempo e do tempo à eternidade. É transferir para Ele as nossas seguranças tornando-nos livres da escravidão do dinheiro, dos bens materiais e dos afetos. É desencalhar da materialidade do espaço e das coisas a frágil barca da nossa vida para vivermos, com o Senhor, a fluidez e os sobressaltos da dimensão do tempo, experimentando que Deus Se manifesta nos acontecimentos da nossa vida e da história do mundo. Assim aprendemos a santificar o tempo com a Liturgia das Horas e a celebrar o Dia do Senhor e as festas, edificando no tempo o templo espiritual, o corpo de Cristo Ressuscitado, para nos tornarmos praticantes do culto espiritual inaugurado por Ele na cruz. Vai sendo tempo!
+ J. Marcos,
Bispo de Beja

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Diocese disse «obrigado» a D. António Vitalino

Celebração de despedida reuniu colaboradores das várias paróquias

O bispo emérito de Beja, D. António Vitalino, teve uma despedida “calorosa”, este domingo, naquela cidade do Alentejo, com a presença de colaboradores das várias paróquias daquele território. Na festa, que coincidiu com o encerramento da porta jubilar da misericórdia, D. António Vitalino confessou-se emocionado à Agência ECCLESIA com o “carinho dispensado” e, “embora vá residir para a comunidade carmelita, em Fátima” deixou uma certeza: “Sempre que precisarem de mim, estarei disponível”.


Durante a sessão, pincelada com testemunhos e obras musicais, o povo alentejano agradeceu o trabalho realizado pelo antecessor de D. João Marcos. Para o vigário-geral da Diocese de Beja, padre António Domingos Pereira, o bispo emérito de Beja foi, essencialmente, “um organizador” e, atualmente, “a diocese pode construir coisas muito interessantes”.

A preocupação “grande com aqueles que estão mais distantes” é outra característica apontada pelo vigário geral, sem esquecer os “mais desfavorecidos e pobres no conhecimento das coisas de Deus”. A “persistência” do bispo emérito de Beja é outra faceta divulgada pelo padre António Domingos Pereira, que é vigário-geral desta diocese desde o ano 2000.

 

O sacerdote falou de um “pastor simples”, que se sentia bem “no meio do povo”, algo que cativou “muita gente”. Uma “presença amiga, discreta e simples” é a imagem que D. António Vitalino deixa na Diocese de Beja, frisou o vigário-geral.

D. João Marcos sucedeu no último dia 3 de novembro a D. António Vitalino como bispo da Diocese de Beja, após o Papa ter aceitado a renúncia deste último, que completou 75 anos de idade. O novo bispo de Beja tinha sido nomeado por Francisco como coadjutor da diocese alentejana a 10 de outubro de 2014, com direito de sucessão.


Novo bispo já se sente «alentejano»

D. João Marcos presidiu ao encerramento da porta jubilar da misericórdia

D. João Marcos disse à Agência ECCLESIA que se sentiu “acolhido de forma calorosa” na primeira celebração, como bispo diocesano de Beja, este domingo, na Sé, que coincidiu com o encerramento da porta jubilar da misericórdia e com a despedida de D. António Vitalino. Os praticantes no Alentejo “não são muitos, mas são calorosos” e são “pessoas provadas” porque o “meio é adverso”, sublinhou D. João Marcos. O bispo atual sente-se “bem acolhido” naquilo que diz e “nos gestos” que tem, e considera que os cristãos de Beja o “fortalecem” e sustentam”.

Em relação ao legado que seu antecessor deixa, D. João Marcos sublinha que D. António Vitalino era “muito acarinhado” na diocese e, na homenagem de despedida, este domingo, “não houve nenhuma paróquia que não quisesse participar na prenda oferecida”.


“Ele deixa a fasquia muito alta” porque “teve uma dedicação sem limites” e “uma capacidade de trabalho impressionante”, afirmou D. João Marcos. O bispo de Beja trabalhou, durante dois anos, como coadjutor de D. António Vitalino e considera que este período “foi uma escola ótima”.

Nascido na região da Beira, D. João Marcos já se “sente alentejano com os alentejanos” porque “as pessoas quando se sentem amadas correspondem”. O responsável adianta que não tem problemas em “entrar num café ou numa taberna” para falar com as pessoas e recorda que, quando “estava no Milharado [Diocese de Lisboa, ndr]”, batizou “dezenas e dezenas de jovens” e “que os encontrava nos bailes”. As pessoas “não iam à Igreja”, mas “a Igreja ia ao encontro deles até eles”, disse.

A experiência que teve “com os saloios [região de Lisboa, ndr]” vai ajudá-lo e “preparou-o para dialogar com os alentejanos que, tradicionalmente, defendem muito a sua intimidade”, salientou D. João Marcos. “Já deu para ver que os alentejanos quando se abrem é para sempre”, refere. Ao falar das linhas de força ou diretivas para a Diocese de Beja, D. João Marcos sublinha que, no tempo atual, “mais do que remedar a Igreja é necessário refundar a Igreja”. “É necessário pegar nos restos que temos e anunciar o Evangelho”, realçou.


Beja, 14 nov 2016 (Ecclesia)

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Fórum Ecuménico Jovem

Atacar e matar todas as fomes

‘Dai-lhes vós de comer’ (Mt 14,16) foi a ordem de Jesus que se transformou em lema da XVIII edição do Fórum Ecuménico Jovem (FEJ 2016), realizado a 12 de Novembro no Seminário de S. Joana Princesa.

D. António Moiteiro, Bispo de Aveiro, cumpriu bem o seu papel de anfitrião dando as boas vindas e participando neste FEJ. D. Sifredo Teixeira, Presidente do Conselho Português das Igrejas Cristãs, também saudou os cerca de 300 jovens idos de muitos pontos do país.

O aprofundamento do tema coube ao P. João Gonçalves, responsável pela coordenação da pastoral prisional católica e por diversas obras sociais em Aveiro. Chamou a atenção para a tentação de ‘mandar a malta embora’ quando o que se exige é convidar a sentar e repartir o pão, como fez Jesus. É preciso ver a multidão com problemas, senti-los, ter compaixão e tentar resolver. O tema do FEJ surgiu do Ano Europeu contra o Desperdício Alimentar, proposto pela União Europeia.  Por isso, o P. João lembrou números da FAO /ONU que dizem que cada pessoa da Europa desperdiça 132 kgs de comida por ano! Evocou ainda outras fomes como a de escuta, de afectos e de valores. Concluiu que temos que ter olhos no coração e ser a voz e a vez dos sem vez e sem voz.

O tempo de reflexão em grupos (20) permitiu aprofundar o tema e reflectir a partir de questões e de objectos escolhidos pela organização.

Mantendo uma tradição que vem do I FEJ (1999), o almoço foi partilhado, sendo um tempo e  um espaço de  confraternização entre os jovens vindos de várias partes de Portugal e pertencentes a diversas Igrejas.

A tarde deveria ser de saída às ruas de Aveiro para descobrir muros e pontes construídas para unir ou separar as pessoas. Mas a chuva obrigou a alterar planos e os 20 grupos partilharam as reflexões, com o P. João comentar e complementar. Também houve tempo para se escutar a história dos XVII FEJs já realizados, bem como de outras iniciativas promovidas pela Equipa Ecuménica Jovem.

Momento alto foi o da Celebração Final com a participação das três centenas de jovens e de uma quinzena de hierarcas das Igrejas. Simbólica foi a partilha de um grande pão pelos jovens e a colocação, junto ao altar da Capela do Seminário, de numerosos produtos de higiene que os jovens ofereceram às Florinhas do Vouga, uma das Obras Sociais da Diocese de Aveiro.

Na hora da despedida era grande a cumplicidade que já se sentia entre os jovens e a gratidão especial aos departamentos de Aveiro da Pastoral Juvenil das Igrejas Católica e Metodista, anfitriões. As Igrejas organizadoras (Católica, Metodista, Lusitana e Presbiteriana) prometem já a edição do XIX FEJ em Novembro de 2017.
Obras Missionárias Pontifícias


domingo, 13 de novembro de 2016

A «comunicação» na reflexão dos Institutos Missionários «Ad Gentes»

Assembleia da IMAG e do ANIMAG - Animadores missionários reunidos em Almada

Os Animadores Missionários dos Institutos Missionários Ad Gentes (ANIMAG) terminaram a assembleia anual sobre o tema ‘A Comunicação como lugar de Encontro’, analisando como transmitir a mensagem do Evangelho de "forma competente".

Em declarações à Agência ECCLESIA, o presidente dos ANIMAG disse que  num mundo cada vez mais globalizado, "os meios de comunicação tornaram-se não apenas um meio mas, muitas vezes, um fim e são contextos de proximidade, de encontro, de comunicação”.

Para o P.e Francisco Costa a comunicação “é também um meio para escutar, aproximar, abraçar”, por isso, é importante não só transmitir bem, mas também “com competência, assertividade” para “envolver, unir”. Na quinta-feira o programa da assembleia anual, segundo o presidente dos ANIMAG, foi “mais celebrativo, de comunhão”.



O bispo de Setúbal, D. José Ornelas, fez uma intervenção sobre a “linguagem da misericórdia e a misericórdia como comunicação”. A assembleia anual dos Institutos Missionários Ad Gentes (IMAG) / Animadores Missionários dos Institutos (ANIMAG) começou no dia 8 de novembro, com o tema ‘Os areópagos da missão - A Comunicação como lugar de Encontro’ a ser refletido no Seminário S. Paulo de Almada, na Diocese de Setúbal, e terminou no dia 11..

Os 53 participantes – religiosos e religiosas, leigos e leigos consagrados – foram convidados a ouvir intervenientes de diversas áreas como a televisão, escola/universidade, música/literatura e Igreja falar sobre comunicação.

“Provocaram-nos, disseram-nos que a comunicação é algo de belo, de sério, de extraordinário, mas que envolve o coração e a mente”, disse o P.e Francisco sobre convidados como o diretor da Agência ECCLESIA, Paulo Rocha, o jornalista da SIC Joaquim Franco, ou o diretor do Externato Frei Luís de Sousa, em Almada, Fernando Magalhães.

O sacerdote da congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) explica que a assembleia é também um momento para projetar atividades como “semanas missionárias”, de oito dias ou fins de semana, de sexta a domingo, “nas comunidades ou envolvendo agentes pastorais, associações”. O encontro dos Institutos Missionários Ad Gentes e animação missionária dos Institutos tem como missão a dupla vertente de partilharem “conhecimento, alegrias, entusiasmo” e responder ao “mandato do Senhor” de sair e anunciar a Boa Nova.


Almada, 11 nov. 2016 (Ecclesia)

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Semana dos Seminários destaca vocação sacerdotal
que nasce da misericórdia

“Comunidades e famílias devem ser espaços onde os jovens aprendem a «acolher, compreender e perdoar», realça responsável pelo setor”

A Semana dos Seminários 2016, que vai decorrer entre 6 e 13 de novembro, tem como base o Jubileu da Misericórdia e destaca a importância desta componente no desenvolvimento das vocações.

“A vocação sacerdotal não nasce somente de um chamamento, de um desejo ou de um impulso interior; ela é fruto do encontro do Deus misericordioso com o homem perdido e que é encontrado, com o homem morto e que revive”, realça D. Virgílio Antunes, presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios, na mensagem para a iniciativa deste ano.

Intitulada “Movidos pela Misericórdia de Deus”, esta semana quer sublinhar os seminários como lugares onde os jovens aprendem “a misericórdia” do Pai para depois se poderem entregar “ao serviço dos outros”. Pretende recordar também a importância do papel da educação, quer na família quer nas várias etapas dentro da Igreja Católica, para o surgimento de mais crianças e jovens dispostos a consagrarem a sua vida a Cristo.

“Uma família que não vive relações de comunhão a partir da fé e onde cada um não está disposto a acolher, compreender e perdoar no seguimento de Jesus, não fomenta os gérmenes da vocação”, escreve D. Virgílio Antunes. E “uma educação cristã que não favorece experiências fortes de encontro com Deus nos momentos de espiritualidade, de oração, de reconciliação, de perdão, de partilha das misérias humanas, não pode ter consequências vocacionais”, acrescenta o bispo de Coimbra.

Estar aberto a uma missão na Igreja Católica, ao sacerdócio, ao celibato, a fazer das comunidades a própria família, implica uma conversão radical que só é possível em quem faz na sua vida a experiência da “misericórdia de Deus”, aponta o presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios. “Nenhuma lei deste mundo, nenhum conselho, nenhum raciocínio da razão têm a mesma capacidade para mover a mente, a vontade e o coração”, conclui.

guião da Semana dos Seminários, já disponível, apresenta algumas propostas para a vivência deste tempo, que é sobretudo de ação de graças e de oração pelo surgimento de novas vocações. Entre elas a oração para a semana, uma vigília de oração e um terço vocacional.


Lisboa, 27 out 2016 (Ecclesia

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Mensagem à Diocese de Beja

Caríssimos irmãos e irmãs, filhos e filhas no Senhor

Como foi noticiado, Sua Santidade o Papa Francisco aceitou o pedido de resignação do Senhor D. António Vitalino, pelo que sou eu agora, por vontade de Deus, o vosso pastor. Quero agradecer publicamente ao Santo Padre a confiança que deposita na minha pessoa, ao colocar-me à vossa frente como bispo diocesano.
Agradeço também ao Senhor D. António Vitalino que durante os dois últimos anos me foi introduzindo na realidade desta diocese e me ensinou a exercer o ministério episcopal. Desejo, do fundo do coração, que o Senhor o recompense por todo o bem que me fez neste tempo, e, sobretudo, pela sua dedicação à diocese de Beja ao longo de todo o seu pontificado.
Saúdo, antes de mais, os sacerdotes e os diáconos, meus colaboradores mais próximos, e os religiosos e religiosas que vivem e trabalham na diocese, enriquecendo-a com a diversidade dos seus carismas. Dirijo também a minha saudação a todos e a cada um dos católicos praticantes e não praticantes, às famílias, às crianças, aos jovens, aos idosos, aos doentes e, sobretudo, às pessoas que vivem sós e isoladas: desejo ser para todos vós a presença amiga do nosso Bom Pastor, Jesus Cristo, que nos ama com o mesmo amor divino que recebe do Pai.
Saúdo ainda as Autoridades Civis e Militares, as Forças de Segurança e as Autoridades Académicas dos concelhos do Distrito de Beja e dos concelhos de Santiago do Cacém, Sines e Grândola, do Distrito de Setúbal, que integram a diocese de Beja. Porque servimos as mesmas populações, conto com a ajuda de todos e a todos ofereço também a minha colaboração, dentro daquilo que é normal esperar de um bispo da Igreja Católica.
Àqueles que me perguntam quais são os meus projetos, apenas posso responder que venho para edificar convosco a comunhão eclesial, a Igreja, por meio da evangelização, da liturgia e da ação pastoral. Nesta hora de grandes mudanças, todos sentimos a urgência de uma evangelização básica que, em vez de procurar remendar o tecido eclesial quase desfeito que herdámos dos tempos da cristandade, proporcione aquela renovação profunda preconizada e preparada pelo Vaticano II, pela qual os últimos Papas têm pugnado, e que tanto nos tem sido recomendada por eles.
A única riqueza que vos trago e vos quero dar abundantemente é o Evangelho de Jesus Cristo Filho de Deus e da Virgem Maria, desprezado e morto na Cruz, ressuscitado e glorificado à direita do Pai para interceder por nós e nos dar o Espírito Santo. Quando há dois anos cheguei a Beja desejei, e ainda agora continuo a desejar, não ter no meio de vós outra sabedoria a não ser Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado. (1Cor2,2) Eu acredito no Evangelho e sei que o futuro da humanidade está esboçado no Sermão da Montanha que o resume. Como São Paulo, também eu quero afirmar perante vós neste momento, com a firmeza de que sou capaz, que não me envergonho do Evangelho (Rm 1, 16). Tenho experiência de que nele se manifesta o poder de Deus que conduz da fé para a fé(Rm 1, 17), de uma fé infantil, muito ao nível da religiosidade natural, para aquela fé adulta que frutifica pela caridade (Gal 5, 6), fé que se cultiva e testemunha na comunhão da Igreja.
Quero ser para todos um sinal vivo da esperança cristã, sobretudo para tantos de vós que atravessais momentos difíceis porque estais desempregados, doentes ou tendes desfeita a vossa vida familiar e sofreis a solidão e carências de ordem material e espiritual, e peço a Deus a graça de ser manifestador da Sua misericórdia para quantos habitam e trabalham no Baixo Alentejo e no Alentejo Litoral.
Vamos dar continuidade ao trabalho do Senhor D. António Vitalino, procurando traduzir na vida da diocese as proposições do Sínodo Diocesano recentemente celebrado. Vamos também preparar-nos para comemorar festivamente em 2020, com a ajuda do Senhor, os 250 anos da restauração da diocese. Quanto ao mais, vamos trabalhar humildemente na consolidação dos fundamentos do edifício eclesial que o Senhor quer levantar connosco para podermos enfrentar as grandes tempestades que se desenham no horizonte deste século XXI.
Acredito que não nos faltará a ajuda do Senhor, porque ao longo da minha vida sempre experimentei e confirmei que Ele é fiel e acompanha, por meio do seu Espírito, aqueles que envia.
 Confio o meu ministério à frente desta diocese a Nossa Senhora, de cujas aparições em Fátima vamos celebrar o centenário, a São José, padroeiro da nossa diocese, a São João XXIII e a São João Paulo II, que tomei como protetores no dia da minha ordenação episcopal, e ao mártir pacense São Sisenando. Conto com a vossa colaboração e oração para poder apascentar-vos com aquele amor e sabedoria que tornarão suave o jugo que hoje é colocado sobre os meus ombros. Acreditai que é grande o lugar que tendes no meu coração de pastor.
O Senhor vos abençoe!
Beja, 3 de Novembro de 2016                                                                    
+ João Marcos

Bispo da Diocese de Beja

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Firmes na esperança

Um buraco negro aberto para o abismo, um sorvedouro insaciável onde tudo desaparece é, para o comum das pessoas, a imagem primeira da morte. A nossa vida decorre à beira deste abismo que nos acompanha como a sombra, abismo do qual nos defendemos temerosos ou que pode também atrair-nos como solução radical para todos os problemas. Solução aparente, solução falsa, porque é apenas demissão e autodestruição. De qualquer modo, não é fácil vivermos lucidamente a fragilidade da nossa condição de seres condenados a morrer.


Pelo pavor de enfrentar a morte, quantas pessoas não conseguem olhar a vida de frente e aceitá-la com sereno realismo, quantas vivem o momento presente às arrecuas como quem é empurrado para onde não quer. E quando têm mesmo de enfrentar esse buraco negro e de se interrogar acerca da morte porque algo lhes diz que a destruição total das pessoas que amamos não pode ser, que fazem? Colocam diante desse buraco negro um espelho que lhes dá a ilusão de o além ser a continuação da vida presente. É como se ao morrer passássemos, por magia, para o lado de lá do espelho onde a vida presente continuaria, sem os pesos e sem os constrangimentos deste lado. É desse entendimento light da morte e da ressurreição, hoje tão promovido peia New-Age, que se burlam os saduceus quando apresentam a Jesus a história inverosímil daquela mulher que teve, consecutivamente, sete maridos. Na ressurreição, perguntam, de qual deles será ela esposa?

Condicionados como estamos na vida presente pelo espaço e pelo tempo, toda a nossa linguagem supõe e reflete esses parâmetros. Aqui precisamos de lutar diariamente contra a morte alimentando-nos, descansando, reproduzindo-nos, criando laços que nos sustentem e nos defendam de tudo aquilo que ameaça a nossa vida. Mas a vida dos ressuscitados é de outra ordem, como nos diz Jesus no evangelho de hoje. Há realidades próprias deste mundo que terminam na morte, e há-as que perduram para lá do espaço e do tempo: aqueles que forem dignos de tomar parte na vida futura e na ressurreição dos mortos não se casam nem se dão em casamento. Na verdade, já não podem morrer pois são como os anjos e, porque nasceram da ressurreição, são filhos de Deus. (Lc. 20,…) Como filhos de Deus libertos da morte e do pecado, os eleitos estão unidos a Cristo, são um só com Cristo mantendo embora a sua identidade, e reinam com Cristo. Com Ele, pelo Espírito Santo, amam o Pai e, com os anjos, contemplam o rosto de Deus e gozam em plenitude a alegria da sua Verdade, Bondade e Beleza. É esta a Vida Eterna que nos foi prometida e que, vigilantes na fé, ousamos esperar.

A fé e a esperança cristãs não são uma droga que nos anestesia, que nos tira da realidade. O acontecimento da morte e da ressurreição de Jesus que é o ponto de partida da nossa fé e da nossa esperança, ilumina toda a nossa realidade e leva-nos a aceitá-la com as suas alegrias e grandezas e também com as suas limitações e sofrimentos. Aceitamos com gratidão a vida e a morte como dons do Senhor, como as duas faces da mesma moeda, pois não há vida sem morte. Toda a espécie de vida neste mundo outra coisa não é senão um diálogo, às vezes violento, entre a morte e a vida. É assim também na vida espiritual.


Ao sermos mergulhados nas águas regeneradoras do Batismo morremos e ressuscitamos sacramentalmente com Cristo para vivermos a sua mesma vida de filho de Deus. Assim, como ensina S. Paulo, nós cristãos levamos sempre, no nosso corpo, o morrer de Jesus para que também a sua vida de ressuscitado se manifeste em nós. (2Cor4,10) Mortos para o pecado e vivos para Deus(Rm 6,11) vivemos como quem perde, melhor, como quem dá a sua própria vida para a encontrar, transfigurada. Vivificados pelo Espírito de Cristo, estando ainda neste mundo mas como cidadãos do Céu, a nossa vida é muito mais que um mero processo biológico que terminará na morte física. Temos Vida Eterna a germinar e a crescer em nós e, como proclamamos na parte final do Credo, esperamos a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há-de vir.

 Mania das grandezas? Esperamos o que Jesus nos prometeu, porque Ele no-lo prometeu. Esta é a ditosa esperança, a luz do oitavo dia que orienta e configura a nossa vida neste mundo e ilumina também a nossa morte. Vivemos como quem semeia na vida presente para recolher na vida futura. É por isso que rezamos com a Igreja estas palavras: para os que creem em vós Senhor, a vida não acaba, apenas se transforma; e, desfeita a morada deste exílio terrestre, adquirimos no céu uma habitação eterna.(Prefácio da missa dos defuntos)

Como aqueles irmãos hebreus martirizados de que nos fala a 1ª leitura, sabemos que o Rei do Universo nos ressuscitará para a vida eterna, temos esperança em Deus de que Ele nos ressuscitará porque nos criou para O amarmos e servirmos nesta vida e para gozarmos eternamente no paraíso a plena visão do seu rosto glorioso. Sim, viveremos eternamente a sua mesma vida de amor como seus filhos, como eternos recebedores e retribuidores do seu amor. Deus é um Deus de vivos, não de mortos, diz-nos Jesus no Evangelho deste domingo.

Pelas palavras de Jesus sabemos que todos os que vivem e morrem no seu amor estão vivos porque participam da sua vitória sobre a morte. Sabemos que passamos da morte para a vida porque amamos os irmãos, lemos na 1ª Epístola de S. João (1Jo…) Para nós cristãos, o centro desse buraco negro que é a morte é precisamente o lugar da manifestação de Cristo ressuscitado a cada um de nós, o lugar do óbito, do encontro com Ele, o lugar onde nos assume definitivamente, o lugar do nosso trânsito, da nossa passagem com Cristo deste mundo para o Pai. Como S. Paulo nos ensina também, para quem ama o Senhor, morrer é ir desta para melhor, desta para melhor vida. A esperança da maravilha que será o nosso encontro com Cristo transfigura a nossa existência.

No meio deste mundo que desconhece os novíssimos e toma as coisas penúltimas como últimas, não é fácil mantermo-nos firmes nesta fé e nesta esperança teologais e nelas perseverarmos. São, por isso, preciosas para nós, as repetidas afirmações de S. Paulo na 2ª leitura acerca da fidelidade e do poder do Senhor. A consciência da grandeza do nosso destino manter-nos-á despertos e firmes e fará de nós indicadores e sinais de esperança para quem, desorientado, está neste mundo sem saber de onde vem e para onde vai.

+ J. Marcos

Bispo coadjutor de Beja
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